O disco intervertebral é uma estrutura disposta entre duas vértebras, e possui uma área central gelatinosa designada de núcleo pulposo.
Este é circundado por um anel fibroso, que mantém o núcleo no seu interior, atuando como um amortecedor de cargas.
A hérnia discal ocorre quando o núcleo do disco migra do centro do disco para a periferia, geralmente posteriormente em direção ao canal vertebral, em que pode estar localizada a medula espinhal, ou as raízes nervosas, dependendo do segmento acometido.
A Hérnia Discal é uma das principais causas de dor na coluna, principalmente na região lombar, pois esta região suporta maior peso corporal, logo sobrecargas maiores.
A Hernia Discal surge como resultado de sucessivos microtraumas na coluna ou por um severo trauma, que com o tempo vão lesando as estruturas do disco intervertebral.
O envelhecimento é um dos fatores de degeneração do disco, permitindo a rotura do anel fibroso e o deslocamento do núcleo em direção ao canal vertebral.
Atividade física, exercício e coluna vertebral
Apenas recentemente têm-se observado iniciativas quanto à aplicação de programas de exercícios físicos relacionados á promoção da saúde, sendo a grande maioria direcionada a combater patologias cardiovasculares e metabólicas, como doenças do coração e obesidade.
Pouco esforço é despendido em programas de atividade física relacionada à saúde, envolvendo o sistema osteomioarticular, tendo como exemplo a lombalgia.
Os exercícios aeróbios e os de fortalecimento da musculatura abdominal e paravertebral são comprovadamente eficazes, sendo que músculos abdominais fortes protegem a região lombar de diversas atividades perigosas.
Desequilíbrios entre a força da musculatura dorsal e da abdominal pode criar um desvio pélvico, alterando a curvatura lordótica e consequentemente sobrecarregar o disco vertebral.
A limitação na flexibilidade pode provocar dor, ou ser resultado da restrição de alongamento fisiológico devido à inatividade.
Após a ocorrência de um episódio agudo, o objetivo passa por recuperar a flexibilidade e realizar um programa de fortalecimento muscular.
Os alongamentos ativos e passivos são de elevado valor para recuperar ou manter o alongamento fisiológico das fáscias, músculos, tendões, ligamentos e capsúlas das articulações sinoviais.
Os exercícios de flexão lombar geram uma elevada compressão mecânica nas estruturas da coluna principalmente no disco intervertebral.
Quuando um sujeito de 70 Kg com peso de 20 Kg nas mãos, realiza uma flexão de tronco para frente em apenas 20 graus, a pressão intradiscal aumenta de 150 Kg para 210 Kg na posição ereta e para 275 Kg na posição sentada.
Os exercícios de extensão da coluna são terapêuticos em alguns casos, mas não é recomendada a sua realização quando agravam os sintomas dolorosos, no caso de hérnias discais volumosas ou extrusas, estenose vertebral, espondilolistese, entre outras.
Os exercícios isométricos são fundamentais para a coluna cervical, abdominal, glútea e paravertebral nas osteoartroses da coluna. A sobrecarga mecânica é menor quando realizada corretamente, isso implica não utilizar contrações máximas inicialmente.
Na coluna lombar o trabalho muscular isométrico deve ser complementado com um programa de fortalecimento isotônico, privilegiando paravertebrais e abdominais.
Hernia Discal e Atividade Fisica
A fraqueza dos músculos extensores de tronco deve ser considerada na elaboração de programas de exercícios em indivíduos com dores lombares.
Os músculos extensores do quadril desempenham um papel importante ao auxiliar indiretamente os músculos eretores da coluna na estabilização da sua região lombar e na prevenção de dor nesse segmento vertebral.
A caminhada é uma ótima opção aeróbia, pois oferece pouco impacto, e nela ocorre uma leve torsão de tronco, girando-o gradualmente e estirando suavemente as fibras anulares do disco vertebral num grau fisiológico de alongamento, favorecendo a nutrição e rigidez do disco, não descurando também o grande valor do ponto de vista metabólico e cardiovascular.
O exercício físico utilizado como forma terapêutica é altamente recomendado para a recuperação da área afetada, isto implica que o exercício seja dirigido principalmente para a deficiência funcional do trauma.
O exercício físico é uma arma poderosa para recuperar a força, a resistência, a flexibilidade, além da mobilidade.
A prática dos exercícios resistidos associados a alongamentos específicos é um importante fator de proteção à coluna.
A prática da musculação torna a pessoa mais forte, mas também existe a probabilidade da ocorrência de lesões, portanto, a seleção dos exercícios, o volume e intensidade destes exercícios podem, se não prescritos adequadamente, contribuir para desordens da coluna.
Perante a existência de uma condição crónica afetando a estrutura músculo-esquelética, a falta de exercícios pode piorá-la.
Os exercícios ou posições corporais que provoquem dor devem ser evitados ou substituídos por outros, realizando as atividades propostas progressivamente, respeitando sempre o limite da dor e a evolução de cada indivíduo.
Indivíduos ativos apresentam um menor risco de sofrer lesão e dor na coluna, mas o facto de realizar uma atividade física no quotidiano não se traduz em factor de proteção para a coluna vertebral, devendo-se analisar o tipo de exercício, nível de atividade, carga de trabalho e postura corporal.
Hernia Discal e Atividade Fisica
É importante orientar o indivíduo para a uma percepção postural, levando o mesmo, a adotar uma mecânica corporal mais adequada no seu dia-a-dia, minimizando sobrecargas na coluna.
Os benefícios das atividades físicas são evidentes, no entanto se houver recorrência de sintomas, os exercícios deverão ser descontinuados e reiniciados apenas quando não existir sintomatologia.
A atividade física representa um papel de grande relevância na recuperação física estrutural e funcional em indivíduos acometidos por lesões degenerativas da coluna vertebral.
Os objetivos primários referentes ao exercício nessa população consistem em restaurar a amplitude movimentos sem dor, restauração da força muscular localizada e periférica, resistência e coordenação neuromuscular e retorno às atividades normais.
A modalidade de exercício físico, assim como a frequência e intensidade com o qual o mesmo é praticado podem ser determinantes para o desenvolvimento ou agravamento de lesões da coluna vertebral.
Concluímos que as actividades físicas aeróbicas, de fortalecimento muscular e de flexibilidade são componentes essenciais e comprovadamente eficazes no programa físico de indivíduos com lesões degenerativas da coluna vertebral, quando prescritos e realizados adequadamente.
Caso possua algum tipo de patologia da coluna, recomendamos que procure um profissional do exercício físico para elaborar um plano individualizado, de acordo com as suas capacidades e objectivos, de forma a potenciar o seu melhor!
Bons treinos!